28 de abril de 2010

GRUPO DOS NOVE

Grupo dos Nove
Grupo de oficiais de tendência moderada pertencente ao MFA e que publicaram em Agosto
de 1975 um documento que ficou conhecido como documento dos nove com vista à
clarificação de posições políticas e ideológicas (...) dentro e fora das Forças Armadas.
Os nove signatários afinal eram vinte e seis

 O capitão Vasco Lourenço foi o primeiro a assinar a pressa era tanta que nem leu o documento redigido por Melo Antunes.
Seguiram-se, em ritmo sempre acelerado, as assinaturas do major Canto e Castro, representante da Força Aérea no Conselho da Revolução, do comandante Vítor Crespo, único representante da Marinha no Grupo dos Nove, e do major Costa Neves, também em representação da Força Aérea.
O major Ernesto Melo Antunes só assinou em quinto lugar, facto que confirmou a sua intenção de atribuir uma autoria colectiva ao documento.
Logo depois aparece o nome do major Vítor Alves, outro militar que fez parte do núcleo central dos "capitães de Abril".
 Seguiam-se duas assinaturas ainda com maior peso institucional as dos brigadeiros Franco Charais e Pedro Pezarat Correia. O primeiro comandava a Região Militar Centro, o segundo comandava a Região Militar do Sul.
O capitão Rodrigo de Sousa e Castro, outro membro do Conselho da Revolução, também assinou a folha inicial, que assim passou à História como Documento dos Nove, entregue por Vasco Lourenço ao Presidente Costa Gomes ao início da tarde de 7 de Agosto de 1975. dois de fora.
 Nesta fase inicial, duas assinaturas também muito aguardadas de dois outros membros do Conselho da Revolução ficaram pelo caminho.
Por motivos diferentes. O major Pinho Freire, da Força Aérea, estava a gozar um período de férias na zona de Aveiro e ninguém conseguiu contactá-lo em tempo útil.
E o capitão Marques Júnior, que trabalhava com Otelo Saraiva de Carvalho, não chegou a subscrever o documento devido à sua ligação funcional com o poderoso comandante do Copcon. "Assim não provocaria a desconfiança dos apaniguados de Otelo", escreve o comandante José Gomes Mota no seu livro A Resistência
De acordo ainda com este autor, que viria a ser director das campanhas eleitorais de Mário Soares à Presidência da República, em 1986 e 1991, o Documento dos Nove - prontamente distribuído pelos quartéis do País - mereceu "a adesão de 80 por cento dos militares" em funções à época. No mesmo dia 7, pelas 21 horas, o coronel Amadeu Garcia dos Santos e o tenente-coronel Manuel Costa Brás entregavam ao Chefe do Estado uma segunda lista de assinaturas de oficiais que participaram na Revolução dos Cravos e agora se apressavam a cerrar fileiras com Melo Antunes e os seus pares. Eram mais 17. Em bom rigor, os nove acabaram afinal por ser 26...
Além dos já mencionados, quem eram os restantes 15? Desde logo, o capitão Salgueiro Maia, que tinha a seu cargo a Escola Prática de Cavalaria de Santarém e fora a figura mais emblemática do 25 de Abril.
E o tenente-coronel Ramalho Eanes, que daí a um ano ocuparia (até 1986) a Presidência da República.
E o brigadeiro Vasco Rocha Vieira, futuro governador de Macau.
E o coronel Jaime Neves, comandante do Regimento de Comandos.
 Outros aderentes imediatos foram os tenentes-coronéis Adérito Figueira, Castro Alves e Fisher Lopes Pires, os majores Loureiro dos Santos (futuro ministro da Defesa), Aventino Teixeira, Rebelo Gonçalves e Gorda Lima, o comandante Mário de Aguiar e os capitães Parente, Lopes Camilo e Tomás Rosa.

"Ao princípio da madrugada de sábado passado, logo a seguir à reunião do Conselho da Revolução, os oficiais do Grupo dos Nove ("os nove" mais os que subscreveram o documento) reuniram-se numa ceia de confraternização em casa de um deles.
Durante o encontro (que decorreu mum ambiente de franca camaradagem, a provar o "espírito de corpo" construído no Verão quente de 75) foi descerrada uma lápide na sala onde se realizaram a maior parte das reuniões, assinalando o "Quartel General da Resistência".
Falta dizer que o QG se localiza na casa do comandante Gomes Mota. Ainda no âmbito das comemorações do "Documento", muitos dos oficiais que o subscreveram reuniram-se num almoço de confraternização que decorreu também num óptimo ambiente de camaradagem.
Local: um restaurante ali para os lados de Santos, onde, há um ano, os "Nove" se encontravam com frequência..."

 Foto e texto publicados no semanário "

O Jornal" na sua edição de 13 a 19 de Agosto de 1976
 Nota - A propósito das reuniões organizadas pelo “Grupo dos Nove”, recebemos do coronel Costa Braz um comentário a esta publicação, que dada a importância histórica que lhe está subjacente, achamos por bem aqui transcrevê-lo.
Começa assim o texto do antigo ministro da Administração Interna: “Antecedendo o 25 de Novembro de 1975, durante o chamado "verão quente", um núcleo de afectos ao que ficou conhecido por "grupo dos Nove" e que vieram a ter relevância particular na conduta militar vitoriosa nos eventos desencadeados naquele dia, reunia-se com frequência no sótão da casa do Comandante Gomes Mota, onde passado um ano se tiraram as fotografias com uma placa comemorativa.
Outro ponto de encontro do mesmo grupo ou parte dele, era o 1º andar (não público) do Restaurante O Chocalho, em Santos, que apesar de tudo proporcionava recato suficiente para os assuntos que ali se debatiam.”
 Costa Braz - 21 de Janeiro de 2011

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