25 de Abril0.20 – É transmitida pela Rádio Renascença a canção de José Afonso, Grândola, Vila Morena, a senha que desencadeia a “Operação Fim de Regime”, levada a cabo pelo MFA.
São presos os oficiais de dia e de prevenção na Escola Prárica de Administração Militar em Lisboa. O Capitão Carlos Gaspar, do MFA, assume o posto de oficial de dia.
01.30 – Chamados à formatura na parada, grande parte dos militares da Escola Prática de Cavalaria, em Santarém, aderem ao golpe, dipondo-se a marchar sobre Lisboa.
0.30 às 3.00 – As unidades militares participantes na operação deslocam-se para os objectivos a controlar. Da Escola Prática de Artilharia, sai uma força, comandada por Santos Silva, incumbida de ocupar o Aeroporto de Lisboa, para onde se deslocam também elementos da Escola Prática de Infantaria, de Mafra, sob o comando do Capitão Rui Rodrigues. Salgueiro Maia comanda um grupo de militares da Escola Prática de Cavalaria, com destino ao Terreiro do Paço, por forma a controlar os vários ministérios que aí se encontram sedeados.
Militares estacionados em Santa Margarida dirigem-se para o Porto Alto, onde se encontram as antenas da Emissora Nacional (EN). Por seu turno, do Campo de Tiro da Serra da Carregueira, saem forças, sob o comando de Oliveira Pimentel e Frederico Morais, em direcção da Rua do Quelhas, com a missão de ocupar as instalações daquela estação emissora.
Oficiais revoltosos, entre os quais se cintam Carlos Azeredo, Eurico Corvacho e Boaventura Ferreira assumem o controlo do Quartel General da Região Militar do Porto, no qual instalam o Posto de Comando do MFA na região norte do país.
03.45 – O Comandante-Geral da GNR, General Adriano Augusto Pires, contacta o Batalhão nº 4, ordenando que contactem com a PSP e o Batalhão de Cavalaria nº 6, do Porto, para cojuntamente tomarem o Quartel General da Região Militar Norte.
Simultaneamente, o General Edmundo da Luz Cunha dá ordem de prevenção rigorosa às unidades da Região Militar de Lisboa (RML), visando neutralizar as operações do MFA.
3.59 – Militares da EPAM, comandados pelo Capitão Teófilo Bento, entram nas instalações da RTP, na Alameda das Linhas de Torres.
4.00 – Tem início a ocupação do Aeroporto de Lisboa.
É enviada uma força do Batalhão de Caçadores 5 para a residência do General Spínola.
O General Edmundo da Luz Cunha contacta o CEMGFA, os Ministros do Exército, da Marinha, e da Defesa, bem como o Chefe de Estado Maior da Força Aérea, dando conta da eclosão do golpe.
4.20 – Através dos microfones do Rádio Clube Português (RCP), ocupado e transformado em posto de comando do MFA, o jornalista Joaquim Furtado lê o primeiro comunicado do Movimento, apelando à calma e mobilizando o pessoal médico para qualquer eventualidade.
4.45 – Através do RCP, é lido um segundo comunicado destinado aos militares em posição de comando, exortando-os, sob ameaça de punição, a não desencadearem operações contra o Movimento.
5.00 – O director da PIDE/DGS, Major Silva Pais, estabelece contacto telefónico com Marcello Caetano, dando-lhe conta das movimentações em curso, indicando o Quartel do Carmo, sede da GNR, como lugar de refúgio.
A Companhia de Caçadores 4241 ocupa as antenas do RCP e assume o controlo da Ponte Marechal Carmona, em Vila Franca de Xira.
05.50 – A coluna da EPC, comandada por Salgueiro Maia, chega à Baixa de Lisboa, ocupando o Banco de Portugal e a Rádio Marconi.
Marcello Caetano chega ao Quartel do Carmo.
7.00 – Forças da EPA ocupam posições junto ao monumento do Cristo-Rei, em Almada.
Uma força munida de auto-metralhadoras, comandada pelo Tenente-Coronel Ferrand de Almeida defronta-se com a coluna de Salgueiro Maia, que recusa a capitulação. Ferrand de Almeida rende-se
7.30 – É transmitido via RCP um terceiro comunicado do MFA, explicitando os objectivos do Movimento, reiterando o apelo à população para permancecer em casa. Entretanto, a Legião Portuguesa intercepta as emissões de rádio
Uma força da GNR, estacionada no Campo da Cebolas, desloca-se para o Terreiro do Paço. Salgueiro Maia exorta à sua retirada, ordem que é aceite pelo comandante da coluna.
7.52 – É suspensa a emissão da EN.
8.30 – Os Ministros da Marinha e do Exército, que se haviam deslocado para os respectivos Ministérios, sitos no Terreiro do Paço, refugiam-se no Regimento de Lanceiros 2, onde começam a preparar a resistência ao golpe.
É emitido um novo comunicado do MFA, desta feita através da EN.
10.00 – Militares do Regimento de Cavalaria 7, comandados pelo Brigadeiro Junqueira dos Reis, adjuvados por um contigente de Lanceiros 2, deslocam-se para a Ribeira das Naus. Salgueiro Maia apela ao diálogo, recusado por Junqueira os Reis, que ordena ao Aspirante Sottomayor que abra fogo, ordem que este recusa, no que é acompanhado pelos atiradores dos carros de combate. Fracassada a confrontação, Junqueira dos Reis retira
para a Rua do Arsenal, com alguns dos seus homens.
para a Rua do Arsenal, com alguns dos seus homens.
10.30 – As forças do Regimento de Cavalaria 7 que ainda permaneciam na Ribeira das Naus rendem-se ao Major Jaime Neves.
11.00 – Salgueiro Maia inicia a marcha para o Quartel do Carmo, sendo vitoriado pela população que, desobedecendo às recomendações do MFA para permanecer em casa, sai à rua em apoio aos militares revoltosos.
O Agrupamento Norte, sob o comando do Capitão Gertrudes da Silva chega ao Forte de Peniche. A PIDE/DGS não mostra intenção de se render.
Final da manhã – Um grupo de Fuzileiros desloca-se para a Rua António Maria Cardoso com destino à sede da PIDE/DGS. Após conversações com o Comandante Alpoim Calvão, que se encontrava nas instalações da polícia política, regressam ao quartel.
Entretanto, populares cercam o edifício.
13.00 – Militares da GNR, fiéis ao regime, ocupam posições na Rua Nova da Trindade, cercando as forças de Salgueiro Maia que, entretanto haviam tomado o Largo do Carmo. O Brigadeiro Junqueira dos Reis, comandando os militares que lhe permaneceram fiéis, ocupa o Largo de Camões.
13.15 – Forças do Regimento de Cavalaria 3 controlam a Ponte Salazar. Uma coluna deste Regimento segue então para Lisboa, para prestar auxílio ao contigente da EPC, que ocupava o Largo do Carmo.
13.30 – Um grupo de militares comandados por Jaime Neves ocupa as instalações da Legião Portuguesa (LP), na Penha de França.
14.00 – Em face do avanço das forças do Regimento de Cavalaria 3, o contigente que fiel ao regime que cercava o Largo do Carmo bate em retirada.
14.30 – Em comunicado transmitido pela rádio, o MFA garante que os lugares-chave que o Movimento previa ocupar estavam já sob o seu controlo e o principais dirigentes do regime presos ou sitiados.
15.00 – Perante o impasse vivido no Quartel do Carmo, onde as forças fiéis ao regime não davam sinais de rendição, Salgueiro Maia ordena a sua capitulação em quinze minutos.
15.15 – Em face da recusa da rendição dos militares sitiados no Carmo no prazo exigido, tem início o bombardeamento do Quartel, com recurso a armamento ligeiro, interrompido pouco depois
Simultaneamente, tem início a libertação dos militares envolvidos no golpe frustrado de 16 de Março, que se encontravam detidos no Presídio Militar da Trafaria.
16.30 – Sitiado no Quartel do Carmo, Marcello Caetano solicita ao General Spínola que ali compareça para lhe entregar o poder. Pedro Feytor Pinto, Director dos Serviços da Informação e Turismo e Nuno Távora, assessor do secretário de Estado da Informação, Pedro Pinto, serão os mediadores entre o Presidente do Conselho e o General.
18.00 – Spínola entra no Quartel do Carmo, sob o aplauso dos populares que enchem o largo. Marcello Caetano transmite o poder ao General, pedindo-lhe que evite que este caia na rua.
Forças da EPA entram no Regimento de Lanceiros 2. O Comandante Coronel Pinto Bessa recusa aderir ao Movimento, não sendo acompanhado pelos graduados milicianos e praças sob seu comando, que se colocam à ordens do MFA.
18.15 – Oficiais do Regimento de Cavalaria 7 aderem ao MFA.
18.40 – A emissão da RTP é interrompida. O locutor Fialho Gouveia lê um comunicado do MFA.
19.30 – Marcello Caetano, César Moreira Baptista, Ministro do Interior, Rui Patrício, Ministro dos Negócios Estrangeiros e Coutinho Lanhoso, adjunto militar do Presidente do Conselho, abandonam o Quartel do Carmo numa viatura Chaimite, sob os apupos da multidão.
20.00 – Rendidos o Presidente do Conselho e os principais membros do Governo, é lida, aos microfones do RCP, a Proclamação do MFA.
20.30 – O General Spínola chega ao Quartel da Pontinha, onde estava sedeado o Posto de Comando do MFA.
21.00 – Da sede da PIDE/DGS, que permanece cercada por populares, são disparados tiros que causam quatro mortes e várias dezenas de feridos.
23.30 – Ocorrem incidentes entre populares e a PSP na Avenida dos Aliados e na Praça da Liberdade, de que resultam feridos.
Ainda no decurso do dia 25 de Abril são promulgados diversos diplomas, entre os quais avultam a Lei nº 1/74, que destitui dos respectivos cargos o Almirante Américo Thomaz e Marcello Caetano, dissolve a Assembleia Nacional e o Conselho de Estado e estatui que os respectivos poderes sejam exercidos pela Junta de Salvação Nacional (JSN); o Decreto Lei nº 169/74, que exonera os Governadores-Gerais dos Estados de Angola e Moçambique, cujas competências são transferidas para para os correspondentes Secretários-Gerais; o Decreto Lei nº 171/74, que determina a extinção da DGS na Metrópole e a sua continuação no Ultramar, sob a designação de Serviço de Informações Militares (SIM), bem como a extinção da LP e da Mocidade Portuguesa; o decreto Lei nº 172/74, que extingue a Acção Nacional Popular; o Decreto Lei nº 173/74, que amnistia os crimes políticos; o Decreto Lei nº 179/74, que exonera os Governadores Civis, cujas competências são transferidas para os respectivos secretários.
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