21 de agosto de 2014

A mulher que fez do cravo o símbolo da revolução

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A mulher que fez do cravo o símbolo da revolução
Publicado em 2013-04-25
Celeste Caeiro, de 79 anos, foi a mulher que fez do cravo o símbolo do 25 de abril de 1974. Trinta e nove anos depois, "Celeste dos cravos" - como é conhecida - recorda um dos momentos mais marcantes da sua vida.

As correntes e movimentos que fizeram o Bloco de Esquerda


2 de maio de 2014

SALÁRIO MÍNIMO

“A criação do salário mínimo em 1974 foi um impulso para a economia”
 NATÁLIA FARIA 13/04/2014 - 07:28

Avelino Pacheco Gonçalves ministro do Trabalho no I Governo provisório que criou o salário mínimo nacional, lembra que o novo poder aquisitivo dos trabalhadores impulsionou a economia.

Avelino Pacheco Gonçalves era ministro do Trabalho quando foi criado o primeiro salário mínimo nacional, a 27 de Maio de 1974, por iniciativa do I Governo provisório liderado por Adelino da Palma Carlos.
 Aqueles 3300 escudos traduziram um aumento “escandaloso”, com os patrões a ameaçar falência.
Pelo contrário, como recorda, a economia cresceu, impulsionada pelo novo poder aquisitivo dos trabalhadores.
Houve corrida aos móveis, que não havia em casa dos operários, e aos electrodomésticos.
“Foi a altura de muitas famílias deixarem de dormir em tarimbas”, lembra o ex-ministro.
Como surgiu o decreto (nº217/74, de 27 de Maio) que instituía o salário mínimo nacional? Há que lembrar que sob o regime fascista vigorava o Estatuto do Trabalho Nacional que expressamente declarava o predomínio dos interesses do capital sobre os trabalhadores.
 E acontecia, em consequência, o que acontece também hoje: na repartição funcional do rendimento, 60 e tal por cento ia para o capital e 40% para os trabalhadores.
 Portugal era, antes do 25 de Abril, um país onde os trabalhadores em particular viviam muito mal.
Durante alguns largos anos aquela proporção inverteu-se.
Mas hoje estamos de novo numa situação em que 60 e tal por cento do rendimento vai para o capital e uns 40 por cento para os trabalhadores.
Mas a reivindicação do estabelecimento de um salário mínimo nacional vem de antes do 25 de Abril. Recordo-me de um plenário da Intersindical, em 1973, em Lisboa, no Sindicato dos Químicos, cuja ordem de trabalhos era a reivindicação de um salário mínimo nacional. Como chegaram aos 3.300 escudos? Por negociação com o Governo.
 A proposta que lancei foi de quatro mil escudos e a que foi aprovada, depois de largos dias de debate e análise em grupos de trabalho, de 3.300.
Era um valor que abrangia 56% dos trabalhadores portugueses.
E que representava um “escandaloso” aumento para muita gente, visto que, por exemplo, no sector têxtil, o rendimento médio era claramente mais baixo.
As mulheres tinham uma média de ordenados nesse sector para aí de mil escudos.
E também essas foram abrangidas.

13 de abril de 2014

ATÉ À CONSTITUIÇÃO 1976


26 de Novembro


Jaime Neves, à frente dos Comandos da Amadora, ataca o Regimento de Lanceiros 2 (Regimento de Polícia Militar), que se rende. Dos confrontos resultam três mortos.
O Major Diniz de Almeida é chamado ao Palácio de Belém e detido.
O Presidente da República critica a vaga de grevismo e de manifestações, que obstam aos objectivos da revolução.
Melo Antunes afirma em entrevista televisiva que o PCP “é indispensável à democracia portuguesa”.
27 de Novembro Vários militares são detidos na prisão de Custóias.
O Tenente.Coronel Ramalho Eanes é nomeado Chefe de Estado Maior do Exército(CEME), substituindo Carlos Fabião.
Otelo Saraiva de Carvalho é afastado do comando do COPCON.
28 de Novembro São emitidos mandatos de captura contra os oficiais Duran Clemente, Varela Gomes e diversos dirigentes de movimentos de extrema-esquerda.
O Governo retoma funções.
É suspensa a publicação dos jornais estatizados e afastadas as respectivas direcções, sob a acusação de terem colaborado no golpe.
A FRETILIN declara unilateralmente a independência de Timor-Leste. A UDT e a APODETI apoiam a integração na Indonésia.
05005.072.004
29 de Novembro O Governo não reconhece a declaração de independência de Timor.
30 de Novembro Representantes da UDT, APODETI, COTA e Partido Trabalhista assinam, sob controlo indonésio, uma proclamação de integração ou Declaração de Balibó.
Em reconhecimento pelo seu desempenho nos acontecimentos de 25 de Novembro, o Presidente da República visita o Regimento de Comandos da Amadora.
2 de DezembroÉ publicado o Decreto-Lei nº 674-B/74, que declara o fim do estado de sítio, decretado em 25 de Novembro.
4 de Dezembro O PS, o PPD e o CDS reclamam a revisão do Pacto MFA/Partidos.
Mário Soares acusa o PCP de envolvimento no golpe, instrumentalizando a extrema-esquerda.
6 de Dezembro O Presidente norte-americano, Gerald Ford, acompanhado pelo Secretário de Estado Henry Kissinger, encontram-se com o General Suharto, Presidente da Indonésia, que lhes pede “compreensão” para uma “acção rápida e drástica” contra Timor-Leste.
Tem início o II Congresso (Extraordinário) do PPD, em Aveiro. Em divergência com Sá Carneiro, 21 deputados à Assembleia Constituinte passam à condição de independentes. Alguns destacados militantes abandonam o partido.
7 de DezembroA Indonésia lança, com recurso a forças aéreas, navais e terrestres, a operação de invasão de Timor-Leste. Portugal corta relações diplomáticas com o invasor. A ONU condena a invasão.
Num comício realizado no Campo Pequeno, Álvaro Cunhal reconhece a pesada derrota da esquerda em 25 de Novembro.
8 de Dezembro Os responsáveis portugueses em Timor regressam a Lisboa.
9 de Dezembro Ramalho Eanes e Vasco Lourenço tomam posse como CEME e comandante da RML, respectivamente.
Militares cercam sedes do PCP e da LUAR na Cova da Piedade, em busca de armamento.
11 de Dezembro O Conselho da Revolução nomeia o Capitão Sousa e Castro para o cargo de presidente dos seus Serviços de Apoio, em substituição de Rosa Coutinho.  Determina igualmente o início da renegociação do Pacto MFA/Partidos.
12 de Dezembro A Assembleia-Geral da ONU aprova uma Resolução, condenando a invasão indonésia de Timor-Leste, posição retomada por unanimidade pelo Conselho de Segurança a 22 de Dezembro.
17 de DezembroTem início a renegociação do Pacto/MFA partidos.
É publicado o Decreto-Lei nº 701-D/75, que nacionaliza as empresas de transportes fluviais do Tejo, fundidas na empresa pública Transtejo.
20 de Dezembro Ramalho Eanes, na qualidade de CEME, demite Vasco Gonçalves do cargo de director do Instituto de Altos Estudos Militares.
23 de Dezembro É publicada a Lei nº 15/75 que extingue o Tribunal Militar Revolucionário, devolvendo aos tribunais militares a competência do julgamento dos implicados no golpe de 11 de Março.
26 de Dezembro É publicada a Lei nº 17/75, que define as bases da reforma das Forças Armadas.
1976
13 de JaneiroA proposta da Assembleia Constituinte de eleição do Presidente da República por sufrágio universal é aceite pelo MFA.
Reabre a Bolsa de Valores de Lisboa.
20 de Janeiro Otelo Saraiva de Carvalho é detido sob a acusação de envolvimento na tentativa de golpe de 25 de Novembro.
É publicado o Decreto-Lei nº 42/76, que determina a expulsão das  Forças Armadas de todos os implicados no golpe de 25 de Novembro.
24 de JaneiroSão publicados os Decretos-Lei nºs 68/76, 75/76 e 78/76, que estabelecem os Acordos de Amizade e Cooperação entre Portugal e a República Democrática de São Tomé e Príncipe, a República da Guiné-Bissau e a República de Cabo Verde, respectivamente.
26 de Janeiro É criada a Junta Governativa da Madeira, presidida por Carlos Azeredo.
Têm início as conversações entre os Governos português e norte-americano com vista à negociação de um pacote de auxílio financeiro. É, entretanto anunciado que o montante da ajuda da CEE ascende a 200 milhões de dólares.
29 de JaneiroO PCP contabiliza cerca de 300 ataques da direita a sedes partidárias suas e de outras formações de esquerda.
31 de Janeiro São libertados antigos responsáveis políticos e militares do Estado Novo, nomeadamente Silva Cunha, César Moreira Baptista, Santos Júnior e Kaúlza de Arriaga.
4 de Fevereiro O Conselho de Ministros decide a devolução das empresas Têxtil Manuel Gonçalves, Martins & Rebelo e Facar aos respectivos proprietários.
6 de Fevereiro É publicado o Decreto-Lei nº 106-A/76, que define a composição da Comissão Nacional de Eleições.
8 de Fevereiro Pela primeira vez desde a sua fundação, o CDS faz o seu primeiro comício em Lisboa, na Praça de Touros do Campo Pequeno.
14 de Fevereiro O Movimento dos Sindicatos Democráticos, favorável ao pluralismo sindical, nomeia a comissão de redacção de um documento base que sintetize os propósitos destas organizações sindicais. Seria publicado na imprensa no dia 26 de Abril, sob o título “Carta Aberta”, constituindo o documento fundador da segunda central sindical, a União Geral de Trabalhadores (UGT).
22 de Fevereiro O Governo Português reconhece a independência de Angola e o Governo do MPLA.
26 de Fevereiro
06278.03351
É assinada a versão revista da Plataforma de Acordo Constitucional, vulgarmente designado por 2º Pacto MFA/Partidos. Do acordo avultam a alteração do método de eleição do Presidente da República e a redução dos poderes do Conselho da Revolução, cujas funções ficam circunscritas ao conselho do Chefe de Estado e à verificação da constitucionalidade das leis.
3 de Março Otelo Saraiva de Carvalho é libertado e colocado sob residência fixa.
11 de Março É publicado o Decreto-Lei nº 183/76, que altera parte do articulado do Decreto-Lei nº 215-B/75, reconhecendo a liberdade sindical.
13 de Março É publicado o Decreto-Lei nº 189/76, que define o estatuto da RTP.
15 de Março Pelo Decreto-Lei nº 189-A/76 é criada a Provedoria de Justiça. O Tenente-Coronel Costa Brás, nomeado para as funções de Provedor no dia 18, assume como tarefa prioritária a garantia da realização, em plenas condições de liberdade, das eleições legislativas, convocadas para 25 de Abril de 1976.
25 de Março São publicados os Decretos-Lei nºs 216-A/76 e 217-B/76, que definem os estatutos das empresas públicas Petróleos de Portugal (PETROGAL) e Cimentos de Portugal (CIMPOR).
31 de Março A Assembleia Constituinte aprova o texto sobre Timor-Leste, a integrar na Constituição da República, assumindo Portugal a responsabilidade de “promover e garantir o direito à independência de Timor-Leste” (artº 307).
06278.070052 de Abril A Assembleia Constituinte aprova a Constituição da República Portuguesa com os votos favoráveis de todos os grupos parlamentares, excepção feita aos 16 deputados do CDS, que votam contra.
Tem início a campanha eleitoral para a eleição de deputados à Assembleia da República.
9 de Abril
É publicado o Decreto-Lei nº 263-A/76, que determina que o Diário do Governo passe a ser designado Diário da República.
12 de Abril No decurso de acções de campanha do PPD, em Beja, e do CDS, no Porto, ocorrem incidentes que causam uma dezena de feridos.
25 de Abril
06278.05017
Têm lugar as eleições para a Assembleia da República, com uma taxa de participação de cerca de 84%. O PS é o partido mais votado, com 34,9% dos votos, seguido do PPD, com 24,4%. O CDS torna-se o terceiro maior partido, com 16%, seguido do PCP, que obtém 14,4% dos votos. A UDP consegue um resultado de 1,7%.

ATÉ 25 DE NOVEMBRO 1975



12 de Março Intensificam-se as ocupações de empresas pelos trabalhadores e de casas devolutas por populares.


02975.00314 de Março É publicada a Lei nº 5/75, que institui o Conselho da Revolução e a Assembleia do MFA que, substituindo a Assembleia dos Duzentos, é alargada a elementos de patentes mais baixas. São extintos a JSN, o Conselho de Estado e o Conselho dos Vinte.
São publicados os Decretos-Lei nºs 132-A e 135-A/75 que, de acordo com o decidido na Assembleia do MFA, determinam, respectivamente, a nacionalização dos sectores bancário e segurador.
17 de Março É publicado o Decreto-Lei nº 137-A/75, que define a constituição do Conselho da Revolução.
18 de Março O Conselho da Revolução decide a suspensão do Movimento Reorganizativo do Partido do Proletariado (MRPP), da Aliança Operária Camponesa e do PDC.
20 de Março É empossado o Conselho da Revolução.
06278.00590
26 de Março Toma posse o IV Governo Provisório, chefiado por Vasco Gonçalves.
06278.00591
Agudiza-se o confronto armado entre o MPLA e a FNLA, sendo decretado o recolher obrigatório em Luanda.
31 de Março É criado o Instituto de Apoio ao Retorno de Nacionais (IARN), vocacionado para o auxílio aos cidadãos portugueses que, entretanto, regressam em número crescente dos antigos territórios ultramarinos, presidido por António Gonçalves Ribeiro.
2 de Abril Tem início a campanha eleitoral para a Assembleia Constituinte. Concorrem 14 formações partidárias.
O Conselho da Revolução propõe aos partidos uma plataforma de acordo constitucional, que estabeleça os poderes politicos do MFA.
02975.003
4 de Abril O filosofo Jean Paul Sartre, confesso admirador da revolução, inicia uma visita a Portugal.
Vasco Gonçalves propõe um entendimento entre o Patriarcado e os representantes dos trabalhadores da Rádio Renascença.
7 de Abril Decorre uma reunião da Assembleia do MFA, dirigida pelo Presidente da República, na qual se decide o seu alargamento a 240 membros e se definem as respectivas competências.
11 de Abril
06278.00593
É assinada a Plataforma de Acordo Constitucional, vulgarmente conhecida como Pacto MFA/Partidos. São signatários do documento o PS, PSD, PCP, CDS, o Movimento Democrático Popular (MDP), a Frente Socialista Portuguesa (FSP). O PPM, convidado a assinar o Pacto, recusa.
13 de AbrilSão estabelecidos em Madrid os primeiros contactos entre exilados portugueses e serviços de informações de diversos países, com o objectivo de constituição de um movimento de resistência aos avanços da revolução portuguesa, que seria materializado no Movimento Democrático para a Libertação de Portugal (MDLP), chefiado pelo General Spínola
15 de Abril
O Conselho de Ministros anuncia a intenção de nacionalizar algumas das mais relevantes e estratégicas empresas portuguesas, entre as quais se contam a SACOR, a TAP, a Siderurgia Nacional, a Petrosul e empresas produtoras e distribuidoras de electricidade.
06278.0501616 de Abril
O Conselho de Ministros decide expropriar as propriedades no sul do país com dimensão superior a 500 hectares e as propriedades rústicas com área superior a 50 hectares.
18 de AbrilÉ publicado o Decreto-Lei nº 210-A/75, que institui o dia 25 de Abril como feriado nacional.
22 de AbrilSão publicados os relatórios dos acontecimentos de 28 de Setembro de 1974 e de 11 de Março de 1975, com enumeração dos implicados.
04692.02425 de Abril Decorrem as eleições para deputados à Assembleia Constituinte, com uma participação próxima dos 92%. O PS vence o sufrágio com 37,9% dos votos, seguido do PPD, com 26,4%. O PCP obtém uma votação de 12,5% e o CDS 7,6%. O MDP atinge o resultado de 4,1% e a UDP 0,79%.
30 de AbrilSão publicados os Decretos-Lei nº 215,  215-B e 215-C/75. O primeiro consagra a unicidade sindical, reconhecendo a Intersindical como a única confederação sindical. Os demais decretos estabelecem as regras de organização das associações patronais e sindicais.
1 de Maio Decorrem, em ambiente de tensão entre o PS e a Intersindical, as comemorações do Dia do Trabalhador. Mário Soares é impedido de subir à tribuna.
2 de Maio Reagindo aos incidentes ocorridos no dia anterior, o PS organiza uma manifestação contra a Intersindical, que acusa de estar ao serviço do PCP.
5 de Maio É formalmente criado o MDLP.
É formalmente criado o MDLP, presidido pelo General Spínola .
9 de Maio São nacionalizadas as empresas cimenteiras e de celulose.
12 de Maio O MPLA e a FNLA iniciam uma confrontação armada de larga escala.
18 de Maio Decorrem, em Díli, as primeiras conversações para a descolonização de Timor.
19 de MaioDecorre no Alfeite uma Assembleia do MFA, na qual são debatidos os resultados eleitorais e a situação económica. É deliberada a criação de um tribunal revolucionário para julgar os implicados na tentativa de golpe de 11 de Março.
Tem início o “Caso República”. O director do diário lisboeta, Raul Rego, acusado  de estar ao serviço do PS, é afastado por trabalhadores e substituído por Belo Marques.
22 de Maio Os ministros do PS decidem não participar nas reuniões governamentais enquanto a situação no República não for regularizada.
24 de Maio Sá Carneiro abandona a chefia do PPD por motivos de saúde. Será interinamente substituído por Emídio Guerreiro.
26 de MaioDecorre no Centro de Sociologia Militar uma reunião extraordinária da Assembleia do MFA. Em ambiente mais radicalizado, os militares dividem-se entre a prossecução de uma via eleitoral ou de uma via revolucionária.
O ELP leva a cabo a sua primeira acção violenta, com o assalto à sede do MDP/CDE em Bragança.
27 de MaioA situação na Rádio Renascença agudiza-se com a ocupação, por trabalhadores, dos estúdios e do centro emissor da estação.
09853.02228 de Maio O COPCON lança uma operação das sedes e prisão de militantes e simpatizantes do MRPP, de que resulta a detenção de cerca de 432 pessoas.
2 de Junho
Tem lugar a cerimónia de abertura da Assembleia Constituinte.
06278.01269
4 de JunhoO Presidente da República desloca-se a França em visita oficial.
Portugal assina o tratado que reconhece a soberania da União Indiana sobre os territórios de Goa, Damão, Diu, Dadrá e Nagar Aveli, aprovado pelo Decreto-Lei nº 206/75, de 17 de Abril.
5 de Junho São nacionalizados o Metropolitano de Lisboa e as grandes empresas de transportes.
7 de Junho
São criados os Comités de defesa da Liberdade, impulsionados pelo General Soares Carneiro, que difundem nos meios militares comunicados críticos do processo revolucionário.
9 de Junho São iniciados os trabalhos da Assembleia Constituinte. Henrique de Barros é eleito Presidente.
18 de Junho O COPCON manifesta o seu apoio aos trabalhadores do República.
Decorre, junto ao Patriarcado, uma manifestação em defesa do controlo da Rádio Renascença pelos trabalhadores, convocada por diversos sindicatos e apoiada, entre outros, pela UDP e pelo MES. Simultaneamente, realiza-se no mesmo local uma contra-manifestação, reivindicando a devolução da estação emissora à Igreja Católica. Dos confrontos entre manifestantes e contra-manifestantes resultam cerca de quatro dezenas de feridos.
02975.02019 de Junho É tornado público o Plano de Acção Política (PAP), aprovado pelo Conselho da Revolução, documento que redefine e amplia a missão do MFA, entendido como “movimento de libertação do povo português”.
23 de Junho A Rádio Renascença transmite o teor de uma benção apostólica enviada pelo Papa Paulo VI ao Cardeal Patriarca de Lisboa. Sem referir expressamente o conflito vivido na emissora católica, faz, porém, menção aos “tristes acontecimentos susceptíveis de criar tensões e de perturbar a serena coexistência dos membros da comunidade eclesial portuguesa, em particular do Patriarcado”.
25 de Junho Realizam-se em Maputo, as cerimónias de proclamação da independência de Moçambique. Portugal é representado pelo Primeiro Ministro, assumindo Samora Machel a Presidência da República, em representação da FRELIMO.
30 de Junho
05735.002.001
Decorre em Macau uma cimeira entre representantes do Governo português e dos movimentos de libertação timorenses, Associação Popular Democrática Timorense (APODETI) e a União Democrática Timorense (UDT). A Fretilin recusa participar em protesto pela presença da APODETI, movimento favorável à integração na Indonésia.
Agrava-se a situação em Angola, com confrontos entre os três movimentos de libertação.
3 de Julho Contrariando a posição do Primeiro Ministro, defensor da devolução da Rádio Renascença à Igreja Católica, o Conselho da Revolução decide a sua nacionalização.
06916.006.0445 de Julho Têm lugar as cerimónias de independência de Cabo Verde, que contam com a presença do Primeiro Ministro Vasco Gonçalves.
04791.0348 de JulhoÉ aprovado em Assembleia do MFA o documento Aliança Povo-MFA, promovido pelo COPCON, que sustenta a instauração do poder popular.
10 de Julho O diário República volta às bancas, sob a responsabilidade de uma Comissão Coordenadora de Trabalhadores. O PS abandona o Governo em protesto.
11 de Julho
O documento Aliança Povo-MFA é criticado pelo PS e PSD.
Arnaldo de Matos evade-se do Hospital Militar Principal, para onde tinha sido transferido da Prisão de Caxias.
12 de Julho Têm lugar as cerimónias de independência de São Tomé e Príncipe. A delegação portuguesa é chefiada por Rosa Coutinho.
13 de Julho
São destruídas em Rio Maior as sedes do PCP e da FSP, fenómeno que se acentuará sobretudo no norte e centro do país ao longo dos meses seguintes.
17 de Julho Os ministros do PPD abandonam o Governo.
É publicada a Lei nº 7/75, que define o calendário da independência de Timor, apesar da impossibilidade de acordo entre os movimentos políticos do território.
18 de Julho É discutida em Assembleia Extraordinária do MFA a possibilidade de constituição de um Directório composto pelo Presidente da República, do Primeiro Ministro e por Otelo Saraiva de Carvalho, que teria por missão definir a orientação política a imprimir ao processo revolucionário.
06278.04658Em face da radicalização da situação política, o PS organiza uma grande manifestação no Estádio das Antas. No dia seguinte, será realizada nova manifestação, desta feita em Lisboa, na Fonte Luminosa, tendo-se registado incidentes nas entradas de Lisboa.
20 de Julho O COPCON admite o recurso à força armada para travar o avanço do que designa de “reacção”.
23 de Julho Tem lugar uma reunião de Delegados da Arma de Infantaria do MFA. São alvo de críticas o Primeiro Ministro, Otelo Saraiva de Carvalho e a 5ª Divisão.
24 de Julho Reúne em casa do Comandante Gomes Mota um pequeno grupo de militates moderados, composto por Melo Antunes, Vasco Lourenço, Vítor Alves, Costa Neves e Canto e Castro, apreensivos com a escalada revolucionária. Deste encontro nascerá o chamado Grupo dos Nove, proponente de uma solução democrática e pluralista para a revolução portuguesa.
25 de Julho Tem início em Lisboa o I Congresso da Intersindical, que contará com a presença do Primeiro Ministro na sessão de encerramento.
29 de Julho É publicado o Decreto-Lei nº 406-A/75, que estatui a reforma agrária.
06916.006.030
31 de Julho A constituição do Directório é ratificada pelo Conselho da Revolução.
4 de Agosto Em face da crise política e governamental causada pela demissão dos ministros do PS e do PPD, tem lugar no Quartel- General da RML uma reunião entre o Primeiro Ministro, o Presidente da República, Otelo Saraiva de Carvalho e os demais Conselheiros da Revolução com vista à criação de um novo Governo. Otelo, pelo COPCON, recusa-se a dar apoio à solução proposta por Vasco Gonçalves.
7 de Agosto O Grupo dos Nove, composto por Melo Antunes, Vasco Lourenço, Pezarat Correia, Vítor Alves, Sousa e Castro, Franco Charais, Canto e Castro, Vítor Crespo e Costa Neves, entregam ao Presidente da República um documento, que ficaria conhecido como “Documento dos Nove”, no qual expressam a recusa quer de soluções totalitárias, quer sociais-democratas na construção da sociedade socialista.
É publicada a Lei nº 9/75, que constitui um tribunal revolucionário para julgar os implicados na tentativa de golpe de 11 de Março.
8 de AgostoÉ empossado o V Governo Provisório, presidido por Vasco Gonçalves, que não inclui elementos do PS e do PPD.
Mário Soares escreve uma carta aberta ao Presidente da República, na qual desafia o Chefe de Estado a demitir Vasco Gonçalves.
11 de Agosto O Directório suspende de funções no Conselho da Revolução os signatários do “Documento dos Nove”.
Têm lugar em Braga e Lamego manifestações de apoio à Igreja Católica.
A UDT faz um golpe de Estado em Timor.
05734.001.004
09251.002.00712 de Agosto Em resposta ao “Documento dos Nove”, o COPCON publica igualmente um documento, da autoria de Mário Tomé, inspirado em propostas de partidos políticos da extrema-esquerda.
14 de Agosto Otelo Saraiva de Carvalho inicia uma ronda de contactos com membros do Grupo dos Nove, com vista à elaboração de um documento de convergência entre as duas tendências político-militares.
16 de Agosto O PS e o PPD realizam uma manifestação de apoio ao “Documento dos Nove”. Simultaneamente, a 5ª Divisão manifesta o seu apoio ao “Documento do COPCON”.
Chegam a Portugal 250 refugiados oriundos de Timor.
19 de Agosto
São destruídas as primeiras sedes do PCP e de outros partidos de esquerda no arquipélago dos Açores.
20 de Agosto Inciam-se contactos com vista à formação de um novo Governo, de representatividade político-partidária mais ampla. Com esse objectivo, Melo Antunes, Vasco Lourenço e Vítor Alves reúnem com Carlos Fabião.
Organizações populares realizam uma grande manifestação de apoio ao “Documento do COPCON”.
09526.002.113Contragolpe da FRETILIM, que assume o controlo na generalidade do território. Criadas as Forças Armadas de Libertação de Timor-Leste (FALINTIL ).
25 de Agosto Em reunião do Directório com os Chefes de Estado-Maior, é decidida a nomeação de Vasco Gonçalves para o cargo de CEMGFA e a designação do Almirante Pinheiro de Azevedo para o o cargo de Primeiro Ministro, bem como a reintegração dos militares dos Grupo dos Nove no Conselho da Revolução.
É criada a Frente de Unidade Popular (FUP), plataforma de apoio ao “Documento do COPCON” e ao V Governo, que integra o PCP (que a abandonará dias depois), o MDP/CDE e diversos movimentos de extrema-esquerda.
26 de Agosto O Governador de Timor, Lemos Pires e a administração portuguesa, saem de Díli para a Ilha de Ataúro.
27 de Agosto A 5ª Divisão é encerrada por ordem do Presidente da República.
1 de Setembro É decidida a nacionalização dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo.
5 de Setembro
06916.006.052Decorre, em Tancos, uma reunião da Assembleia do MFA, que se decide pela recomposição e reforço de competências do Conselho da Revolução. Saem deste organismo Vasco Gonçalves, que recusa igualmente a nomeação para CEMGFA, bem como os membros que lhe são próximos. O Grupo dos Nove vê-se, assim, reforçado.
06916.004.0706 de Setembro É criado o movimento Soldados Unidos Vencerão (SUV), vocacionado para a “criação de um braço armado do poder dos trabalhadores”.
13 de Setembro
Eurico Corvacho é substituído por Pires Veloso no comando da Região Militar Norte.
16 de Setembro
Os novos Estados de Moçambique, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe são aceites como membros da ONU.
19 de Setembro É empossado o VI Governo Provisório, chefiado pelo Almirante Pinheiro de Azevedo, contando no seu elenco com elementos designados pelo PS, PPD e PCP.
O Secretariado Provisório das Comissões de Trabalhadores da Cintura Industrial de Lisboa organizam uma manifestação no Terreiro do Paço.
21 de Setembro Tem lugar, no Porto, a primeira manifestação dos SUV.
24 de Setembro É fundada a Acção Revolucionária dos Praças do Exército (ARPE).
25 de Setembro Decorre em Lisboa uma concentração dos SUV.
26 de Setembro O Governo retira ao COPCON competências no restabelecimento da ordem pública.
Morrem três operacionais do ELP quando tentavam fazer explodir um engenho junto da antena emissora da RTP em Monsanto.
28 de Setembro Em reunião do Conselho Nacional do PPD, Sá Carneiro, crítico em relação à direcção do partido assumida por Emídio Guerreiro, retoma as funções de Secretário-Geral.
30 de Setembro PS e PSD realizam uma manifestação de apoio ao VI Governo.
1 de Outubro O Presidente da República inicia uma visita de quatro dias à Polónia e à URSS.
5 de Outubro Chega a Angola o primeiro contigente de tropas cubanas, com a missão de apoiar as operações militares do MPLA, designadamente a contenção do avanço das tropas sul-africanas no país.
7 de Outubro
Em face do agravamento da situação política e militar, o Presidente da República exorta os membros das Forças Armadas a absterem-se de fazer política.
São ocupadas as instalações da Emissora Nacional no Funchal, por elementos pertencentes à Frente de Libertação do Arquipélago da Madeira (FLAMA).
8 de Outubro O PS organiza uma manifestação de apoio a Franco Charais, responsável pela Região Militar do Centro. No Porto, o PPD realiza igualmente um comício  em defesa de Pires Veloso, que termina com violentos confrontos nocturnos, designadamene junto ao Quartel do RASP.
9 de Outubro O PCP denuncia o que considera ser uma viragem à direita do VI Governo Provisório.
Os SUV manifestam-se em Coimbra.
15 de Outubro O Governo determina a selagem das instalações da Rádio Renascença.
Os SUV manifestam-se em Évora.
17 de Outubro As Brigadas Revolucionárias, que tinham iniciado a sua actividade no período final do Estado Novo, tornam pública a decisão de regressar à acção clandestina, mantendo-se o PRP na legalidade.
21 de Outubro
Em substituição do Secretariado Provisório, é criada a Intercomissões da Cintura Industrial de Lisboa.
22 de OutubroUm grupo de manifestantes retira os selos das instalações da Rádio Renascença na Buraca.
O Presidente da República desloca-se em visita oficial à Jugoslávia e à Itália, avistando-se na Santa Sé com o Papa Paulo VI.
25 de OutubroUm grupo de cidadão oriundos de Angola manifesta-se, gritando palavras de ordem contra o MPLA. A concentração termina de forma violenta, com o assalto à Casa de Angola, reivindicado pelos Comandos Operacionais de Defesa da Civilização Ocidental (CODECO)
26 de Outubro Mário Soares e Sá Carneiro participam, no Porto, numa manifestação de apoio ao Governo.
28 de Outubro Em visita a Washington, Melo Antunes, na qualidade de Ministro dos Negócios Estrangeiros, obtém do Presidente norte-americano, Gerald Ford, um novo pacote de ajuda económica a Portugal.
1 de Novembro Os ministros dos Negócios Estrangeiros português e indonésio reúnem-se em Roma. Adam Malik reconhece a Portugal o estatuto de potência administrante de Timor.
3 de Novembro O Embaixador Franco Carlucci desloca-se ao norte do país, onde mantém contactos com as autoridades civis e eclesiásticas.
6 de Novembro É transmitido pela RTP um debate entre Mário Soares e Álvaro Cunhal, revelador das profundas divergências entre os dois dirigentes políticos.
7 de Novembro O emissor da Rádio Renascença é destruído por ordem do Conselho da Revolução.
9 de NovembroO PS organiza uma manifestação de apoio ao Governo, no Terreiro do Paço, que conta com a presença do Primeiro Ministro, acompanhado por Mário Soares e Sá Carneiro.
10 de NovembroRegressam a Portugal as últimas tropas estacionadas em Angola.
11 de NovembroNa sequência dos Acordos de Alvor, registam-se em Angola três proclamações de independência, sendo a do MPLA em Luanda.
12 de NovembroÉ publicada a Lei nº 13/75, que cria o Tribunal Militar Conjunto, responsável pelo julgamento dos crimes cometidos por antigos elementos da DGS e da LP.
Tem início a greve dos trabalhadores da construção civil. Em resposta à paralisação, o PS, o PPD e a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), organizam uma concentração em Rio Maior.
13 de Novembro A Assembleia Constituinte é cercada por largas dezenas de milhares de trabalhadores da construção civil, impedindo a livre circulação dos deputados, excepção feita aos representantes do PCP e da UDP.
14 de Novembro
06278.04656
A radicalização política vivida em Lisboa e a percepção da iminência de um golpe das forças da extrema-esquerda leva os dirigentes partidários do PS, PPD e CDS a deslocarem-se para o Porto para organizarem a resistência.
15 de Novembro O Grupo dos Nove reúne com militares que lhe são afectos, entre os quais se contam Ramalho Eanes, Jaime Neves, Loureiro dos Santos, Tomé Pinto e Salgueiro Maia, que deliberam o reforço de posições do grupo, a nomeação de Vasco Lourenço como comandante da RML e a reafirmação do apoio ao VI Governo Provisório.
17 de Novembro Os dirigentes do PS, PPD e CDS regressam a Lisboa.
18 de Novembro O Grupo dos Nove reúne com Mário Soares, que defende a suspensão de funções do Governo.
Em reunião com os chefes dos três ramos das Forças Armadas, Melo Antunes, Vasco Lourenço e Sousa e Castro, Otelo Saraiva de Carvalho afirma-se disposto a manter-se à frente da RML.
O Primeiro-Ministro decide suspender o Governo, decisão apoiada pela totalidade dos ministros, excepção feita ao Ministro do Equipamento Social, Veiga de Oliveira, dirigente do PCP.
19 de Novembro O Presidente da República recebe o embaixador americano. Por seu turno, o Primeiro Ministro reúne-se com o embaixador da União Soviética.
21 de Novembro O Conselho da Revolução nomeia Vasco Lourenço comandante da RML, mantendo Otelo Saraiva de Carvalho à frente do COPCON. A esta decisão reagem diversos comandantes das unidades da capital, que se opõem ao nome escolhido para chefiar a Região Militar.
No RALIS é realizada uma cerimónia de juramento de bandeira revolucionário, que seria anulado após o 25 de Novembro.
22 de Novembro Perante a falta de apoio de Otelo e dos militares que lhe são próximos, Vasco Lourenço não aceita a nomeação.
23 de Novembro O PS realiza novo comício na Fonte Luminosa, no decurso do qual desfere um violento ataque ao Secretário-Geral do PCP e exige a clarificação da posição do Presidente da República perante o grave dilema com que o país se debate, a braços com a possibilidade de uma confrontação civil.
24 de Novembro Agricultores de Rio Maior e militares afectos ao Grupo dos Nove bloqueiam as estradas de acesso a Lisboa, condicionando o acesso à capital de forças próxima dos sectores da extrema-esquerda.
Os SUV e a FUR fazem apelos à acção armada das massas populares e à instauração de um governo revolucionário.
25 de Novembro 06.00 – Militares do RALIS, designação que entretanto assumira o RAL1, tomam posição nos acessos à auto-estrada do Norte, ao Aeroporto de Lisboa e em Beirolas. Entretanto, tropas da Escola Prática de Administração Militar (EPAM) ocupam as instalações da RTP e controlam os acessos ao Aeroporto.
09.00 – O Presidente da República reúne de emergência com o Conselho da Revolução e os comandos militares.
14.00 – O Presidente da República convoca Otelo Saraiva de Carvalho ao qual anuncia a decisão de assumir directamente o comando do COPCON.
16.30 –  O Presidente da República declara o estado de sítio na região de Lisboa.
06278.07090
O Regimento de Comandos da Amadora, sob as ordens de Ramalho Eanes e Jaime Neves tomam posições em diversos pontos estratégicos, nomeadamente em Monsanto, RALIS, EPAM e no Regimento de Policia Militar.
17.00 – Forças do COPCON e da Polícia Militar ocupam a Emissora Nacional.
18.00 – Duran Clemente, da EPAM, apela à mobilização popular junto das estações de rádio e da televisão. O Sindicato dos Operários Metalúrgicos exorta à mobilização popular.
19.15 –  A unidade de Pára- Quedistas estacionada no Comando da Região Aérea nº 1, em Monsanto, rende-se a Jaime Neves. O Capitão Faria Paulino é detido.
21.10 – A intervenção de Duran Clemente na RTP, explicando os motivos do golpe das forças de esquerda, é interrompida, sendo a transmissão transferida para os estúdios do Porto e substituída por um filme de Danny Kaye.