3 de maio de 2010

CARTAZES DE ABRIL






MURAIS




























2 de maio de 2010

AS SIGLAS DO 25 DE ABRIL

Uma das causas porque o PREC (Processo Revolucionário Em Curso) me deixa tantas saudades é por causa das siglas. Os documentos militares, provavelmente por serem feitos por militares que são homens de acção e não estão para perder tempo a escrever palavras completas, estão cheios de siglas* em que normalmente as NT (nossas tropas) se confrontam com o IN (inimigo).
Depois do 25 de Abril e por causa do MFA (Movimento das Forças Armadas) a sociedade em geral começou a importar alguns desses aspectos da terminologia castrense e as siglas foram um deles.No frenesim que se seguiu ao 25 de Abril o português médio foi submetido a uma doutrinação acelerada sobre siglas, a começar pelas dos partidos existentes, o PCP (Partido Comunista Português), o MDP/CDE ( Movimento Democrático Português / Comissão Democrática Eleitoral), o PS (Partido Socialista, muitas vezes designado ao princípio por PSP, engano que devia irritar sobremaneira os socialistas) ou o MRPP (Movimento Reorganizativo do Partido do Proletariado).A aprendizagem também teve de se estender às colónias, porque os movimentos de libertação dos territórios africanos, até aí designados genericamente por terroristas ou turras, também tinham as suas siglas próprias: na Guiné, o PAIGC (Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde), em Moçambique, a FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique) e em Angola, que estava servida logo por três movimentos diferentes, FNLA (Frente Nacional de Libertação de Angola), MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola) e UNITA (União Nacional para a Independência Total de Angola).
Depois, a partir de Maio de 74 com a Primavera, foi uma espécie do desabrochar das siglas, de organizações que se fundavam a sério e viriam a vingar como o PPD (Partido Popular Democrático) ou o CDS (Centro Democrático Social), outras que também pareciam também sérias mas não destinadas a vingar como o PCSD (Partido Cristão Social Democrata), outras que só se davam a conhecer pelas paredes, em cartazes como o PSDI (Partido Social Democrático Independente) ou só em pinturas como o PTDP (Partido Trabalhista Democrático Português).
Mas aquelas eram siglas que, apesar do uso do termo Social Democrático, se dirigiam à direita sociológica, coisa que continuava a existir mas que andava acanhada.
Siglas modernas como deve ser eram as da esquerda como o MES (Movimento da Esquerda Socialista), a FSP (Frente Socialista Popular), o PUP (Partido de Unidade Popular), a LCI (Liga Comunista Internacionalista), o PRP-BR (Partido Revolucionário do Proletariado – Brigadas Revolucionárias) ou a LUAR (Liga de União e Acção Revolucionária).Mas o que era mesmo o último grito eram siglas com ML (Marxista-Leninista).
Ele era o PCP-ML (Partido Comunista de Portugal – Marxista Leninista), o CARP-ML (Comité de Apoio à Reconstrução do Partido – Marxista Leninista), o CMLP (Comité Marxista Leninista Português), a OCMLP (Organização Comunista Marxista Leninista Portuguesa) ou a ORPC-ML (Organização Revolucionária Portuguesa Comunista – Marxista Leninista).
Enfim, não será um exagero total considerar que cada grupo de amigos deu em politizar-se e arranjar uma sigla para o seu grupo…
E partido que quisesse mostrar que tinha organização (seguindo os comunistas…) tinha que ter também uma organização para a juventude e outra para as mulheres, com as siglas respectivas: UJC, UEC, MDJ, MDM, JS, JSD, JC, FEML, etc. A multiplicação de siglas nas mensagens a que os portugueses estavam sujeitos atingiu tais proporções que lhes era impossível compreender o significado político de tantas siglas.
O PCP foi o primeiro a aperceber-se disso e, logo no Verão de 74, quaisquer dos seus cartazes apelando à participação em manifestações apareciam assinados por mais de uma meia dúzia de siglas. Evidentemente que mais não eram do que extensões do próprio partido.
Mas o que lhes interessava era dar a impressão que, por detrás de um extenso elenco de siglas, estava um enorme movimento popular.
Citando de memória uma convocatória para um comício nessa época teria uma meia dúzia de siglas: PCP, MDP/CDE, UJC (União da Juventude Comunista), UEC (União dos Estudantes Comunistas), MJT (Movimento da Juventude Trabalhadora), MDM (Movimento Democrático das Mulheres), MDJ (Movimento Democrático da Juventude) e CGTP (Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses).O PS, ainda incipiente e ingénuo, volta e meio era enrolado e lá emprestava o nome para a convocatória porque concordava com as razões expressas no cartaz para a realização do comício.
O PCP ainda se podia permitir sonhar com a unidade da esquerda.
Estava-se em Agosto de 1974. Spínola ainda era Presidente da República. Ainda faltavam oito meses para que a contabilidade dos votos (e dos deputados eleitos) substituísse a contabilidade das siglas…

CHICO MARTINS: RESISTENTE ANTIFASCISTA

Francisco Martins Rodrigues, aliás, Chico Martins, 1927-2008
Francisco Martins Rodrigues (1927-2008)
Na madrugada desta terça feira, 22 de abril, faleceu em Lisboa, Francisco Martins Rodrigues, aliás, Chico Martins, aos 81 anos. Veterano militante comunista durante quase seis décadas, Chico Martins foi uma das lideranças mais importantes da resistência anti-fascista. Iniciou as suas lutas em 1949 no MUD (Movimento de Unidade Democrática). Entrou no PCP (Partido Comunista Português) em 1951, e foi condenado a três anos de prisão pela ditadura salazarista em 1957. Conheceu Álvaro Cunhal na prisão de Peniche, e participou da fuga espectacular de 1960.
Membro do comité central do PCP, Chico Martins encabeça a dissidência com a direcção do PCP, no contexto da cisão entre Pequim e Moscovo, sendo expulso em 1964, quando impulsiona a fundação da Frente de Ação Popular (FAP) e depois o Comité Marxista-Leninista Português (CMLP). Preso novamente em 1966, quando sofreu torturas atrozes, só ganhou a liberdade dois dias depois do 25 de Abril de 1974.
Chico Martins esteve na fundação da União Democrática Popular (UDP) em Dezembro de 1974, e conheceu Diógenes Arruda, liderança brasileira do PCdB. Em 1984, rompe com a União Democrática Popular e funda a Organização Comunista Política Operária, em um processo de ruptura com o estalinismo. Desenvolve uma auto-crítica programática da estratégia de colaboração de classes. Homem de simplicidade no trato, foi respeitado pela sua grande cultura, pela inteligência aguda, honestidade irreprochável, fino humor e, sobretudo, por ser um militante incansável. Foi até o seu último suspiro um militante revolucionário.
Chico Martins, ou o «camarada Campos» - pseudónimo da clandestinidade - liderou a crítica pela esquerda ao PCP no período mais duro da resistência à ditadura. Nos anos sessenta apoiou as críticas chinesas à União Soviética e fundou o CMLP (Comité Marxista-Leninista Português). Em 1964, escreve «Luta Pacífica ou Luta Armada» um texto de oposição ao «Rumo à Vitória» de Álvaro Cunhal, defendendo a luta armada como estratégia de combate ao salazarismo. Suas posições expressavam a necessidade da radicalização da luta contra o regime de Salazar, após a candidatura de Humberto Delgado e o início da guerra colonial, no contexto mundial da vitória da revolução cubana, da derrota da França na guerra da Argélia, e da escalada da guerra no Vietnam. Visitou Moscovo e Pequim. Em 1964, ao lado de João Pulido Valente e Rui D’Espiney cria a Frente de Ação Popular (FAP) e o Comité Marxista-Leninista Português (CMLP), com o objectivo de refundar o Partido Comunista. É preso de novo em 1966, condenado a 19 anos de prisão.
Depois do 25 de Abril, o CMLP se unirá à Organização Comunista Marxista-Leninista Portuguesa (OCMLP) e à União Revolucionária Marxista-Leninista (URML) e constituirão o Partido Comunista Português Reconstruído PCP(R), uma organização que se mantém na clandestinidade, da qual a União Democrática Popular (UDP) será a frente eleitoral. Francisco Martins Rodrigues alimentou divergências programáticas com o estalinismo desde 1976 e foi expulso tanto do PC(R) como da UDP, em 1983. Liderou a formação da Organização Comunista Política Operária em 1984 e assumiu, desde então, a tarefa de director da Revista mensal Política Operária. Manteve nas últimas décadas relações amistosas com os militantes que se reivindicam da Liga Internacional dos Trabalhadores (LIT)-Quarta Internacional.
O destino de quem escreve se uniu ao de Chico Martins quando, em 1966, ainda uma criança de nove anos, fui viver em Lisboa, acompanhando minha mãe que tinha sido transferida pelo Itamaraty para Portugal, e meu primeiro amigo de escola primária, na quarta série, foi o Pedro. Ele era o filho mais velho de Chico Martins. Dizem, das amizades da infância, que são inquebrantáveis. Algumas, no entanto, são insubstituíveis. Só voltei ao Brasil em 1978. Nossa estreita amizade naqueles anos nos levou à descoberta comum, talvez muito precocemente, da militância. Foi ao lado de Pedro, seguindo-o, que me uni ao movimento do secundário, e foi sob a influência militantes da CMLP que descobri o marxismo.
Ensinaram-me, também, sobre a valentia e a honra, pelo exemplo, tudo o que havia por aprender. Nos últimos anos, mantive uma correspondência cordial com Chico Martins. Foi, para mim, motivo de imenso orgulho que ele tenha considerado útil publicar alguns artigos meus na Revista Política Operária. Escrevo estas linhas com o coração apertado. Chico Martins passou doze anos de sua vida na prisão, e outros tantos anos na clandestinidade. Mas, nunca perdeu a jovialidade. Não se deixou vencer pela amargura. Recomeçou a militância organizada, em condições especialmente difíceis, mais de uma vez. Não tinha receio de corrigir suas posições. Sabia que a capacidade de auto-crítica não diminui um revolucionário, ao contrário, o engrandece. O mundo ficou um pouco menor sem ele.

ORGANIZAÇÕES: MARXISTAS-LENINISTAS: ESQUEMA




PARTIDOS POLITICOS: UNIDADE REVOLUCIONÁRIA MARXISTA LENINISTA:URML

Unidade Revolucionária Marxista-Leninista (URML), surgida em 1970, e que teve uma breve aproximação aos trotskistas.
A URML (Unidade Revolucionária Marxista-Leninista), criada em 1970, foi formada por activistas que se conheceram precisamente no contexto das eleições na CDE em Lisboa.

MOVIMENTO:GDUP

Grupos Dinamizadores de Unidade Popular





NORTON DE MATOS

NORTON DE MATOS

José Maria Mendes Ribeiro Norton de Matos (Ponte de Lima, 23 de Março de 1867 — Ponte de Lima, Portugal, 3 de Janeiro de 1955) foi um general e político português.
Depois de frequentar o colégio em Braga foi, em 1880, para a Escola Académica, em Lisboa.
Quatro anos depois iniciou o seu curso na Faculdade de Matemática em Coimbra. Fez o curso da Escola do Exército e, em 1898, partiu para a Índia Portuguesa, onde organizou os cadastros das terras. Começou aí a sua carreira na administração colonial, como director dos Serviços de Agrimensura. Acabada a sua comissão, viajou por Macau e pela China em missão diplomática.
O seu regresso a Portugal coincidiu com a proclamação da República. Dispondo-se a servir o novo regime, Norton de Matos foi chefe do estado-maior da 5ª divisão militar. Em 1912 tomou posse como governador-geral de Angola. A sua actuação na colónia revelou-se extremamente importante, na medida em que impulsionou fortemente o seu desenvolvimento, protegendo-a, de certa forma, da ameaça contínua que pairava sobre o domínio colonial português, por parte de potências como a Inglaterra, a Alemanha e a França.
Foi demitido do cargo em 1915, como consequência da nova situação política que se vivia em Portugal durante a Primeira Guerra Mundial. Foi depois chamado, de novo, ao Governo, ocupando o cargo de ministro das Colónias, embora por pouco tempo. Em 1917, um novo golpe revolucionário obrigou-o a exilar-se em Londres, por divergências com o novo governo. Regressou à pátria e foi delegado de Portugal à Conferência da Paz, em 1919. Mais tarde, foi promovido a general por distinção e nomeado Alto Comissário da República em Angola. Na Primavera de 1919, foi delegado português à Conferência da Paz. Em Junho de 1924, exerceu as funções de embaixador de Portugal em Londres, cargo de que foi afastado aquando da instauração da Ditadura Militar.
Foi, em 1929, eleito grão-mestre da maçonaria portuguesa.
Em 1948, participou nas eleições presidenciais de 1949, reivindicando a liberdade de propaganda e uma melhor fiscalização dos votos. O regime de Salazar recusou-se a satisfazer estas exigências. Obteve vastos apoios populares e apoio de membros da oposição. Devido à falta de liberdade no acto eleitoral, e prevendo fraudes eleitorais, ele acabou por desistir depois de participar em comícios e outras manifestações de massas.

ARA: BRAÇO ARMADO DO PCP

ARA
A Acção Revolucionária Armada - ARA foi uma organização portuguesa criada pelo PCP cujo objectivo foi a luta armada contra a ditadura fascista.
Surgiu publicamente em Outubro de 1970 com a publicação de um comunicado em que reivindicava a sua primeira acção armada, em 26 deste mês, contra o navio Cunene, um navio de transporte utilizado na logística das guerras coloniais de Portugal em Angola, Moçambique e Guiné (Bissau,) e suspendeu a luta armada em 1 de Maio de 1973.
O levantamento da organização iniciou-se em Janeiro de 1966 com a deslocação a Moscovo e a Cuba de dois quadros do PCP, Rogério de Carvalho, membro do Comité Central daquele partido e de Raimundo Narciso, ambos a viver na clandestinidade em Portugal. Em 1964 o PCP fora vítima de uma cisão maoísta que acusava o Partido de revisionismo, nomeadamente por alegadamente ter "abandonado a via armada" da Revolução. A criação da ARA, foi muito longa e plena de vicissitudes decorrentes das difíceis condições de luta na clandestinidade.
A ARA foi responsável por várias operações de entre as quais se destacam a destruição de helicópteros e aviões dentro da base militar de Tancos ou a sabotagem ao COMIBERLANT - Comando Ibérico da Área Atlântica da NATO.